21 Lendas da Região Norte: boitatá, curupira, mapinguari e mais!
As lendas da região Norte têm muita influência da cultura indígena e muitas envolvem a floresta Amazônica, sendo chamadas, também, de lendas amazônicas. Confiras as lendas do Norte mais famosas, como a Lenda do Açaí, a Lenda das Amazonas, a Lenda do Boto-Cor-de-Rosa e muito mais!
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1. Lenda do Açaí
A Lenda do Açaí conta que nas terras onde hoje fica a cidade de Belém do Pará, vivia uma tribo indígena que enfrentava a falta de alimentos, pois as índias não paravam de dar à luz. Por causa disso, o cacique mandou matar todas as crianças que nascessem na tribo.
Até que a neta do cacique, filha de Iaçã, sua filha, foi morta ao nascer. Iaçã, desesperada, rogou a Tupã que mostrasse uma solução para aquilo não continuar se repetindo na tribo. Até que, uma noite, Iaçã ouviu o choro de sua filha nos pés de uma árvore e correu ao seu encontro, mas o bebê desapareceu em seus braços.
Chorando sem parar, Iaçã morreu e a encontraram abraçada a uma palmeira de onde brotavam os frutos que foram batizados de açaí – o nome de Iaçã ao contrário.
2. Lenda do Uirapuru
O uirapuru, um pássaro encontrado em toda a floresta Amazônica, era o índio Quaraçá, que adorava tocar flauta e se apaixonou pela mulher do cacique. Pedindo ao Deus Tupã para ficar com a índia, ele foi transformado no pássaro para que pudesse pousar sempre nos ombros de sua amada.
Até mesmo o cacique se encantou pela beleza da ave e se perdeu na floresta tentando encontrá-la. Foi quando Quaraçá teve a chance de ficar com a mulher de uma vez por todas, mas, para isso, precisava encontrar uma maneira de se transformar em homem novamente.
3. Lenda do Boitatá
Boitatá era uma cobra gigante que vivia no interior de uma árvore na Floresta Amazônica. Mas um certo dia ela despertou feroz, soltando labaredas de fogo pela cabeça, faminta, caçando e comendo os olhos de todos os animais da floresta. Muitas pessoas ainda acreditam que Boitatá assusta quem entra à noite na floresta.
4. Lenda do Curupira
Curupira é a famosa criatura com pés virados para trás e cabelo de fogo: o guardião das florestas que persegue e mata os caçadores e também é cruel com quem desmata e destrói as florestas.
O Curupira deixa os caçadores desorientados com seus assobios e a lenda também conta que ele pode ficar invisível e se transformar em onça e em outros animais selvagens para atrair esses homens para o interior das florestas e fazê-los se perderem.
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5. Lenda do Boto-Cor-de-Rosa
A lenda do boto-cor-de-rosa é famosa: o animal vive nos rios amazônicos e conta a lenda que ele se transforma em um homem atraente e sedutor, todo vestido de branco, incluindo o seu chapéu, e sai do rio em busca de mulheres para passar a noite com elas.
O chapéu esconde as narinas do boto, que ficam no topo de sua cabeça, pois a transformação não é completa. O boto sempre escolhe uma mulher virgem ou a mais bonita de todas para acasalar, então a engravida e a abandona.
Essa lenda era muito utilizada para justificar a gravidez de mulheres solteiras ou que engravidaram fora do casamento nesta região.
6. Lenda da Mandioca
A lenda da mandioca conta como essa raiz surgiu. A filha do cacique tinha aparecido grávida sem explicação – ela não sabia como havia engravidado. Seu pai teve um sonho que o convenceu a acreditar em sua filha e então sua neta nasceu.
A indiazinha recebeu o nome de Mani e era querida por toda a tribo. Um dia, infelizmente, ela foi encontrada morta por sua mãe, mas curiosamente, com um semblante feliz. Mani foi enterrada na oca em que morava com sua mãe, que passou a chorar todos os dias por sua morte.
As lágrimas eram tantas que molharam abundantemente a terra onde a indiazinha foi enterrada. No local, tempos depois nasceu uma planta e a terra começou a rachar. Ao cavar na esperança de encontrar a filha viva, a índia encontrou a mandioca, que recebeu esse nome através da junção das palavras “Mani” e “oca”.
7. Lenda do Monte Roraima
A origem do Monte Roraima também é contada em uma lenda. Os índios Macuxi viviam em terras baixas e alagadiças, com caça e pesca fartas. Nessas terras nasceu uma bananeira sagrada e os pajés ordenaram a todos que seus frutos não fossem arrancados nem comidos.
Foi então que o pior aconteceu quando um cacho de bananas foi arrancado do pé: o monte se levantou e os índios perderam suas terras.
8. Lenda da Iara
A Iara é uma das lendas do Norte e uma das lendas amazônicas mais famosas do folclore brasileiro. Ela também é conhecida como Mãe D’Água: metade mulher, metade peixe, pele morena, cabelos negros e uma estrela brilhante na testa.
Iara era uma índia guerreira, mulher forte cujas habilidades causavam inveja em todos os seus irmãos. Tanta inveja, que todos eles tentaram matá-la, mas ela reverteu o ataque e conseguiu destruí-los. Na fuga, o seu a pai encontrou e a jogou nos rios Negro e Solimões, onde ela foi salva pelos peixes, que a transformaram na linda sereia com voz encantadora.
Iara seduz os homens com sua voz e os leva para o fundo do rio, matando todos que são hipnotizados pelos seus encantos.
9. Lenda da Vitória-Régia
A origem da Vitória-Régia, conhecida como estrela das águas, também é contada em uma lenda. A planta era a índia Naiá, que se apaixonou por Jaci, a divindade da Lua que namorava as índias mais bonitas das tribos da região. Ao namorar com as índias, Jaci transformava todas em estrelas e, assim, Naiá esperava sua vez.
Uma certa noite, Naiá tentou beijar Jaci através de seu reflexo no rio, mas caiu e acabou se afogando. Jaci, para homenageá-la, a transformou na vitória-régia, a estrela das águas.
10. Lenda da Cobra Grande
A Cobra Grande, também conhecida como Boiuna, é uma cobra gigante que vive no fundo dos rios e tem olhos luminosos que apavoram os pescadores. De tempos em tempos, a cobra grande sobe à superfície para liberar sua fúria, derrubando embarcações e devorando todos que encontra pela frente.
Certa vez, a índia Tapuia engravidou da Cobra Grande e teve dois filhos-cobras: Norato e Maria Caninana que, por sua vez, têm sua própria lenda.
11. Lenda da Cobra Norato
Norato, filho da Cobra Grande, era uma cobra bondosa, ajudava pessoas que se afogavam e não fazia mal a ninguém, enquanto sua irmã, Maria Caninana, era má e atacava todos os pescadores com grande fúria.
Certo dia, em uma luta, Norato matou sua irmã. Em noite de lua cheia, a cobra se transformava em homem, ia visitar sua mãe e frequentava festas, até que um dia encontrou alguém para desencantá-lo e transformá-lo em homem permanentemente.
12. Lenda do Mapinguari
O Mapinguari é um monstro que vive na Floresta Amazônica: seus gritos podem ser ouvidos a quilômetros de distância, ele é cruel e não poupa nenhuma vida à sua frente.
Mapinguari tem 2 metros de altura e usa uma armadura de casco da tartaruga, mas seus pelos vermelhos ainda podem ser vistos, além do único olho no centro da cabeça e da boca cheia de dentes afiados que fica na barriga.
13. Lenda das Amazonas
As índias Icamiabas, termo que significa “sem marido”, viviam em tribos só de mulheres. Uma vez por ano elas recebiam homens apenas para acasalar. Quando seus filhos nasciam, elas entregavam os meninos e ficavam com as meninas para criá-las a seu modo.
Essas índias foram batizadas de amazonas pelos navegadores, que significa “mulher sem seios”, como conta a história de antigas guerreiras que não aceitavam se relacionar com homens e retiravam um seio para manusear melhor o arco e flecha.
Os navegadores que, ao atravessarem o rio Amazonas se depararam com as índias que pareciam com as amazonas, batizaram o rio com esse mesmo nome.
14. Lenda do Saci Pererê
A Lenda do Saci Pererê é uma das mais icônicas do folclore brasileiro, especialmente em regiões como o Sudeste e o Sul, embora suas raízes remontem às tradições indígenas do Norte do Brasil. O Saci é descrito como um menino travesso que possui apenas uma perna e usa um gorro vermelho mágico, capaz de lhe conceder poderes extraordinários. Ele é conhecido por suas travessuras, que vão desde esconder objetos até causar desastres nas plantações. Contudo, ele também é visto como uma figura que ensina sobre a importância da convivência harmoniosa com a natureza.
Dentre os mitos que cercam o Saci, destaca-se a ideia de que ele é um guardião das florestas e dos animais, sendo uma espécie de protetor da vida silvestre. Para capturá-lo, é comum que os moradores da região façam um círculo com fogo, mas ele sempre consegue escapar, deixando uma aura de mistério e diversão no ar. Enquanto muitos o temem, outros o respeitam, reconhecendo que suas travessuras também têm um significado maior sobre a proteção da natureza e as tradições indígenas. O Saci, com seu jeito irreverente, convida-nos a refletir sobre as interações humanas com a natureza e as consequências de nossas ações.
15. Lenda do Poti
A Lenda do Poti é uma fascinante narrativa que destaca um espírito da floresta, representado como um homem forte e imponente, protetor dos animais da Amazônia. Poti, cuja essência está profundamente ligada à vida silvestre, é visto por muitos indígenas como uma entidade que mantém o equilíbrio na floresta. Sua missão é zelar pelos seres que habitam a vasta biodiversidade da Amazônia e punir aqueles que ameaçam sua integridade, como caçadores imprudentes.
Os relatos dizem que o Poti possui a habilidade de se manifestar nas formas mais inusitadas, podendo aparecer como um grande animal ou um homem robusto, dependendo de suas intenções e das circunstâncias. Os caçadores que se deparam com ele frequentemente se perdem em sua busca, sendo desviados do caminho por sua influência mágica e protetora. Essa lenda não só faz parte da cultura indígena, mas também serve como um alerta a todos: a preservação da floresta é crucial para a sobrevivência de inúmeras espécies e das comunidades que dela dependem. O Poti, portanto, é uma representação do respeito e da interdependência entre os seres humanos e a natureza, promovendo uma mensagem de harmonia e conservação.
16. Lenda do Fogo Novo
A Lenda do Fogo Novo é um ritual sagrado que simboliza não apenas a renovação das estações, mas também a purificação e a esperança por prosperidade entre os povos indígenas. Esta lenda destaca a importância do fogo como um elemento vital nas culturas indígenas, sendo usado para aquecer, cozinhar e criar um laço comunitário. Todo ano, em um primeiro momento após as chuvas, celebra-se a cerimônia de acendimento do Novo Fogo, que envolve todo o grupo na busca por um ciclo de vida renovado.
Durante a cerimônia, os participantes se reúnem em torno do fogo novo, fazendo orações e oferendas aos espíritos da natureza, agradecendo pelas bênçãos recebidas e pedindo por proteção e abundância nas colheitas que se aproximam. O ato de acender o fogo, que deve ser feito utilizando técnicas tradicionais, simboliza também a conexão com os antepassados e o passado ancestral da comunidade, mantendo viva a chama não apenas do fogo, mas da cultura e das tradições que permeiam a vida indígena.
Assim, o Fogo Novo não é apenas um simples ato de acender chamas, mas sim um gesto profundo que representa a renovação da vida, um chamado à espiritualidade e uma reafirmação de vínculos com a terra. Esta lenda é uma poderosa lembrança da necessidade de manter viva a conexão com as tradições e a proteção do meio ambiente.
17. Lenda da Cuca
A Lenda da Cuca é uma das mais emblemáticas do folclore brasileiro, especialmente na região amazônica. A Cuca é frequentemente descrita como uma criatura transformista, uma bruxa que assume a forma de um jacaré. Essa figura mitológica aterroriza crianças desobedientes, sendo utilizada como um meio de controlar comportamentos indesejados. Segundo a tradição, as mães costumam dizer que a Cuca virá buscá-las se não pararem de fazer travessuras. Ela é retratada como uma figura maligna, mas que também carrega consigo elementos de sabedoria popular. A Cuca se esconde nas matas densas, simbolizando os mistérios e os perigos da floresta, além de refletir o temor e o respeito que os habitantes locais têm pela natureza. Sua lenda se entrelaça com as crenças sobre a proteção dos indígenas e os perigos da desobediência, lembrando que a floresta, além de ser um lar, é também um espaço repleto de seres mágicos e potencialmente perigosos. A presença da Cuca no imaginário popular é notável, aparecendo nas narrativas orais e nas festas típicas, onde a figura dessa bruxa se metamorfoseia e ganha vida, perpetuando o fascínio que exerce sobre as crianças e adultos.
18. Lenda da Perereca do Amor
A Lenda da Perereca do Amor é uma história encantadora que faz parte do imaginário popular da Amazônia. Essa lenda narra que uma pequena perereca, com sua pele brilhante e olhos expressivos, tem o poder de provocar o amor verdadeiro entre os casais. De acordo com a tradição, se uma pessoa toca a perereca em uma noite mágica, seus desejos amorosos se concretizarão rapidamente. A perereca é vista como um símbolo da paixão e da união afetiva, e sua presença é associada a momentos românticos e mágicos. Essa lenda reflete a conexão da cultura amazônica com a natureza, sendo a perereca uma figura que representa não só a diversidade da vida selvagem, mas também a força dos sentimentos humanos. Durante festivais e celebrações, é comum que as pessoas contem histórias sobre a Perereca do Amor, incentivando o encontro de casais e a troca de carinhos. A lenda também ressalta a importância de acreditar no amor verdadeiro, mostrando que, mesmo nas situações mais improváveis, o amor pode surgir e florescer, como um encanto proporcionado por uma pequena criatura do reino animal.
19. Lenda do Boi-Bumbá
A Lenda do Boi-Bumbá é uma celebração rica em cultura e tradições, especialmente nas festas que ocorrem em Parintins, no Amazonas. Esta lenda gira em torno da história de um boi que, em um momento trágico, morre, mas milagrosamente ressuscita, simbolizando a resiliência e a continuidade da vida. O boi, que se transforma em homem, representa a união dos diferentes povos que habitam a região Norte, trazendo uma mensagem de harmonia e diversidade. No festival, os grupos de bois — Garantido e Caprichoso — competem em grandes apresentações que misturam dança, música e encenações teatrais que retratam a lenda. A espetacularidade do festival, repleto de cores e ritmos, celebra não apenas a figura do boi, mas também as tradições culturais indígenas, africanas e portuguesas que moldam a identidade amazônica. O Boi-Bumbá se tornou um símbolo de resistência cultural, sendo a festa uma oportunidade para os moradores se reunirem e celebrarem suas raízes. Assim, essa lenda não apenas narra uma história, mas também promove a valorização da cultura local e o fortalecimento dos laços comunitários.
20. Lenda da Acuri
A Lenda da Acuri apresenta a serpente Acuri, uma figura venerada e temida pelas comunidades ribeirinhas da Amazônia. Acuri é descrita como uma serpente majestosa que habita os rios e igarapés, e a crença popular diz que sua presença tem o poder de curar e trazer boa sorte. A serpente é considerada um guardião das águas, simbolizando a conexão entre os seres humanos e o ambiente natural. As pessoas acreditam que avistar a Acuri é um sinal de proteção e prosperidade, e muitos respeitam esses locais sagrados, evitando perturbar a serpente. Em algumas histórias, a Acuri desempenha o papel de protetora das crianças e dos pescadores, assegurando que eles voltem para casa em segurança. Além disso, diversos rituais são realizados em homenagem à serpente, celebrando a vida e a fertilidade das águas. Assim, a lenda da Acuri ensina sobre o respeito à natureza e a importância de manter um equilíbrio com os seres que habitam os rios, refletindo uma sabedoria que se perpetua entre as gerações. Esse conto revela como as tradições e as crenças locais estão intrinsecamente ligadas à identidade e à sobrevivência das comunidades amazônicas.
21.Lenda da Maçã do Amor
A Lenda da Maçã do Amor é uma história mágica que permeia a cultura amazônica, revelando a relação especial entre os povos da região e a natureza. Segundo a lenda, em noites de lua cheia, uma maçã extraordinária surge em uma árvore escondida nas profundezas da floresta, com o poder de realizar desejos e conceder amor verdadeiro a quem a prova. Aqueles que têm a sorte de encontrar e saborear a maçã são abençoados com romances duradouros e felizes. Essa lenda não apenas simboliza o amor, mas também denota a importância dos elementos da natureza na vida dos habitantes da Amazônia. As maçarocas, além de serem admiradas por sua beleza, representam a generosidade da terra e as recompensas que ela oferece. Em tradições locais, a busca pela maçã é frequentemente celebrada, envolvendo danças, músicas e troca de histórias entre amigos e famílias, reforçando os laços comunitários. A Maçã do Amor se transforma assim em um símbolo de esperança, lembrando que a conexão entre as pessoas e a natureza é essencial para a felicidade. A lenda promove uma compreensão profunda do que é amar e ser amado, colocando a natureza como um agente essencial em proporcionar tais experiências.